Conflito: Cogumelo X Prefeitura

A reunião que o grupo empresarial Cogumelo do Sol promoveu com os produtores em Santo Antônio da Alegria na noite de 27 de maio, serviu para esclarecimentos da empresa quanto as metas para os próximos meses e também foi uma oportunidade onde o presidente do grupo, o empresário Mário Kikuo Kimura, desabafou sua indignação com o prefeito Dr. Ricardo da Silva Sobrinho, que segundo o empresário é o principal responsável pela saída da Cogumelo do Sol do município.

As tratativas para a vinda da Cogumelo do Sol para a cidade remontam a 2009, onde o prefeito Ricardo Sobrinho e o empresário Mário Kimura assinaram um protocolo de manifestação de interesse pela instalação da empresa em parte da área do Parque de Exposições, a Expoasa. A empresa tinha a perspectiva de criar de 60 a 150 empregos diretos e até 200 empregos indiretos e um investimento na ordem de R$ 2,2 milhões em 2009 e 2010. A prefeitura por sua vez ficou incumbida de promover a cessão gratuita de parte da área da Expoasa para instalação da empresa por um período de 5 anos, podendo ser renovado por mais 5 anos.

O Conflito

O relacionamento entre a prefeitura e a Cogumelo do Sol começou a ficar delicado já na confecção do texto da lei 1.587 de autoria do prefeito Ricardo Sobrinho e aprovada pela Câmara Municipal. Em seu 2º artigo, a lei narra a autorização da cessão da área da Expoasa por 5 anos prorrogáveis por igual período, mas destaca que essa cessão pode ser rescindida a qualquer tempo, antes do prazo, mediante a uma simples notificação escrita com 90 dias de antecedência. O parágrafo primeiro deste artigo aponta que caso a empresa seja notificada nestes termos, tem o prazo de 90 dias para retirar todos os equipamentos e materiais e entregar o imóvel livre e desembaraçado de qualquer ônus ou coisa.

A parceria até então harmoniosa entre a prefeitura e a Cogumelo do Sol, ficou definitivamente comprometida e o que se viu a partir de então foi um festival de múltiplas acusações.

Por um lado pessoas ligadas a prefeitura divulgaram que a empresa estava interessada apenas em saquear todo o dinheiro da cidade e que não efetuava nem ao menos o pagamento da conta de água devida para o município. Por sua vez, o empresário Mário Kimura, em sua defesa, disse que não pagou a conta de água por ser abusiva e interpretou que o valor de R$ 3.277,26 cobrado por um único mês de fornecimento de água com tratamento questionável, foi um absurdo.



A questão das contas de água foi parar no Poder Judiciário e a empresa ganhou liminar e está depositando um valor estipulado na justiça até que saia a sentença definitiva.


Na reunião com os produtores, Mário Kimura anunciou que a empresa vai transferir seu escritório e base operacional para a cidade de Cajuru, mas continuará a comprar os cogumelos dos produtores alegrienses. Irritado, o empresário disse que a pretensão de sua empresa era permanecer e promover altos investimentos no município, mas pelo total desinteresse da parte do prefeito, não viu outra alternativa: a empresa vai mesmo para Cajuru.

Atualmente 35 produtores entregam os cogumelos para serem processados na Cogumelo do Sol. A avaliação desses produtores em relação aos valores recebidos pela venda do produto é positiva e segundo a empresa em pouco tempo o número de produtores em Santo Antônio da Alegria saltará para cinqüenta.

OUTRO LADO
Prefeito contesta versão da empresa Cogumelo do Sol



A reportagem do Comércio tentou ouvir pessoalmente o prefeito Ricardo Sobrinho a respeito da situação entre a prefeitura e a Cogumelo do Sol, porém fomos informados pela secretária Aline, da prefeitura, que o prefeito estava em viagem para Ribeirão Preto.

Tivemos acesso às documentações das tratativas entre a empresa e a prefeitura e pelo conteúdo dos ofícios, o prefeito Ricardo Sobrinho informa que a prefeitura de Santo Antônio da Alegria atendeu ao pleito da empresa, realizando a cessão do pátio, do armazém comunitário e da granja, dentro do espaço da Expoasa, pelo prazo de cinco anos. A empresa havia solicitado também a cessão da balança municipal, mas o prefeito respondeu no ofício que por ser de uso comum ela não pode ser objeto de cessão.

O prefeito foi questionado pela empresa sobre o critério usado pela prefeitura na cobrança de água; qual categoria a empresa se enquadra e sobre o tipo de tratamento usado. E no ofício em que a empresa fez essas solicitações, o gerente Edgar Miguel de Souza, do escritório da Cogumelo do Sol
em Santo Antônio, disse que já havia solicitado essas explicações pessoalmente ao prefeito, mas não obteve respostas.


Em esclarecimento formal ao questionamento da empresa sobre as contas de fornecimento de água, o prefeito disse no ofício 71/10, que os critérios para cobrança de contas de água é estabelecido por lei municipal e que as tarifas estavam corretas. Ricardo Sobrinho ainda disse que a municipalidade não cobra tarifa de coleta e tratamento de esgoto da empresa, o que corresponde a 50% do valor total da conta. Em certo trecho do ofício o prefeito destaca: “Vossa Senhoria, portanto, desconhece ou não reconhece os esforços que esta administração realiza para favorecer a geração de emprego no município, dentro dos limites legais. Alias, nem mesmo realiza o pagamento das contas devidas. Todavia, para manter a equidade no tratamento aos contribuintes, serve o presente ofício também para notificar esta empresa que será realizado o corte do fornecimento de água aos imóveis localizados no recinto da Expoasa no prazo de 20 dias, caso seja mantida a situação de inadimplência da Santo Antônio Cogumelos Ltda. em relação à Prefeitura”.

A Cogumelo do Sol entrou com ação na justiça contra a prefeitura, e recebeu liminar que estipula o depósito do valor das contas de água em juízo e manutenção do fornecimento.